A tecnologia militar da China avança rapidamente, e a recente feira de aviação em Zhuhai mostrou isso claramente.
O evento bienal destacou as capacidades militares da superpotência, com uma série de inovações impressionantes.
Introdução à Feira de Aviação de Zhuhai
A Feira de Aviação de Zhuhai, realizada a cada dois anos, é um dos eventos mais importantes do setor militar e aeronáutico na China. Este ano, o evento atraiu um público impressionante de quase 600 mil visitantes, tornando-se uma vitrine crucial para as inovações tecnológicas do país.
Durante seis dias, as mais recentes inovações em equipamentos militares e aeronaves foram exibidas, destacando o avanço da China em tecnologia militar.
O evento não apenas oferece uma oportunidade para a China mostrar suas capacidades militares, mas também permite que especialistas internacionais avaliem o poderio industrial da nação. A feira se tornou um palco onde a China demonstra seu compromisso com a modernização de suas forças armadas, especialmente em um contexto geopolítico em que busca afirmar sua presença na Ásia e competir com potências como os Estados Unidos.
Destaques da Feira
Além de caças e mísseis, a feira também apresentou uma área dedicada a drones, o que ressalta a crescente importância desses veículos não tripulados nos conflitos modernos. Essa diversificação nas exposições reflete a estratégia da China de investir em tecnologia de ponta para fortalecer sua posição no cenário global.
Caça J35-A: O Novo Furtivo Chinês
O J35-A é o novo caça furtivo da China, que promete revolucionar a aviação militar do país. Após mais de uma década em desenvolvimento, este caça é visto como um marco significativo na tentativa da China de igualar as capacidades dos caças furtivos dos Estados Unidos.
Com sua introdução, a China se torna o segundo país, após os EUA, a operar dois tipos de caças furtivos, o que demonstra um avanço considerável em sua tecnologia militar.
O J35-A se destaca não apenas por sua capacidade furtiva, mas também por suas características de design. Diferente do F-35 americano, que possui um único motor turbofan, o J35-A é equipado com dois motores, o que lhe confere maior potência e versatilidade.
Essa configuração permite que ele execute uma variedade de missões, desde combate aéreo até ataques precisos em alvos terrestres e marítimos.
Os especialistas notam que o design do J35-A apresenta semelhanças com o F-35, mas com melhorias que refletem as necessidades específicas da Força Aérea do Exército de Libertação Popular.
Com um peso máximo de decolagem estimado em cerca de 30 toneladas, o caça é considerado uma “quebra de paradigma” para a nova geração de aviões de combate de médio porte da China.
Além disso, o J35-A possui uma baía interna de armas que permite transportar uma ampla gama de munições guiadas de precisão, incluindo pequenos mísseis de cruzeiro.
Essa capacidade de carga, combinada com sua furtividade, faz do J35-A uma adição valiosa ao arsenal militar da China, especialmente em um contexto de crescente tensão geopolítica na região.
Sistema de Mísseis Anti-Balísticos HQ-19
O HQ-19 é o mais recente sistema de mísseis anti-balísticos da China, projetado para interceptar ameaças aéreas com alta eficiência. Comparado ao sistema americano THAAD (Terminal High Altitude Area Defense), o HQ-19 apresenta características inovadoras que o posicionam como um competidor sério no campo da defesa aérea.
Montado em um veículo de alta mobilidade 8×8, o HQ-19 é capaz de carregar até seis mísseis interceptores, utilizando um mecanismo de “lançamento a frio”. Essa tecnologia reduz o estresse sobre o lançador e permite uma rápida realocação dos interceptores, o que é crucial em situações de combate onde a agilidade é fundamental.
Embora a China não tenha revelado todas as especificações técnicas do HQ-19, especialistas acreditam que ele foi projetado para interceptar mísseis balísticos fora da atmosfera, ampliando significativamente o alcance de interceptação em comparação com modelos anteriores, como o HQ-9. O sistema é capaz de lidar com mísseis balísticos que têm um alcance operacional de até três mil quilômetros, segundo relatórios do Departamento de Defesa dos EUA.
Um dos aspectos mais impressionantes do HQ-19 é sua capacidade de interceptar veículos deslizando em hipersônico, uma tarefa desafiadora devido à trajetória imprevisível desses mísseis. O Coronel Sênior Du Wenlong, da Academia de Ciências Militares do Exército de Libertação Popular, afirmou que o sistema de radar do HQ-19 é capaz de rastrear essas trajetórias complexas, guiando os mísseis para um ataque final eficaz.
Com o HQ-19, a China demonstra um compromisso em avançar sua tecnologia militar e garantir sua capacidade de defesa em um ambiente geopolítico em constante mudança, onde a segurança e a proteção do território são prioridades absolutas.
Nave-Mãe de Drones ‘Jetank’
A Nave-Mãe de Drones ‘Jetank’ é uma das inovações mais impressionantes apresentadas na Feira de Aviação de Zhuhai. Com uma capacidade de carga útil de até seis toneladas e uma envergadura de 25 metros, essa aeronave não tripulada se destaca como uma das maiores do seu tipo no arsenal militar da China.
Movida a jato, a Jetank é projetada para realizar tanto ataques quanto missões de reconhecimento. Ela possui oito pontos de ancoragem externos, permitindo o transporte de mísseis e bombas, além de um módulo de missão facilmente substituível que pode carregar diferentes tipos de drones menores. Essa característica proporciona uma flexibilidade operacional sem precedentes, possibilitando a adaptação da missão conforme as necessidades do campo de batalha.
De acordo com especialistas militares, a Jetank representa uma verdadeira inovação ao levar o conceito de porta-aviões do mar para o ar. Isso significa que ela pode lançar múltiplos drones simultaneamente, permitindo uma cobertura aérea extensa e a realização de ataques coordenados em larga escala.
O especialista chinês Du Wenlong destacou que a Jetank é uma “inovação significativa” para a aviação militar, pois amplia as capacidades de combate da China. Ao soltar drones no ar, a nave-mãe não apenas aumenta a eficácia das operações, mas também reduz o risco para as aeronaves tripuladas, que podem se manter a uma distância segura enquanto os drones realizam as missões.
Com o desenvolvimento da Jetank, a China reafirma sua posição como uma potência militar em ascensão, investindo em tecnologia de ponta que transforma a forma como as guerras modernas são travadas. Essa inovação não só melhora a capacidade de ataque da China, mas também demonstra sua determinação em se manter competitiva no cenário global de defesa.
Navio Drone Furtivo ‘Orca’
O navio drone furtivo ‘Orca’, também conhecido como JARI-USV-A, é uma embarcação de combate não tripulada que impressiona por suas características avançadas e design inovador.
Com 500 toneladas, essa embarcação é projetada para ser altamente resistente a radares, o que a torna uma ferramenta eficaz para operações militares discretas.
Com um comprimento de 58 metros, largura de 23 metros e profundidade de 4 metros, o Orca é construído em uma estrutura de trimarã, conferindo-lhe estabilidade em mares agitados.
Essa estabilidade é crucial para a realização de missões prolongadas sem necessidade de reabastecimento, permitindo que a embarcação opere a velocidades de até 40 nós (cerca de 74 km/h) em missões de longa distância.
O Orca é descrito como uma “fortaleza móvel no mar”, capaz de realizar uma variedade de tarefas, incluindo ataques a longas distâncias, defesa aérea e contra mísseis, além de operações de busca e ataque anti-submarino.
Essa versatilidade torna o navio uma adição valiosa às capacidades navais da China.
Equipado com quatro radares de varredura eletrônica e um sistema de lançamento vertical, o Orca pode transportar uma variedade de armamentos, incluindo foguetes e mísseis anti-navio, além de estações de armas controladas remotamente.
A embarcação também possui uma plataforma de decolagem e pouso para helicópteros não tripulados na parte traseira, além de uma pequena baía de docagem que pode ser utilizada para lançar dispositivos submarinos ou sensores de detecção de submarinos.
A introdução do Orca no arsenal militar chinês representa um avanço significativo na capacidade de guerra naval do país, destacando seu compromisso com a inovação e a modernização de suas forças armadas.
Com a crescente importância dos drones em conflitos contemporâneos, o Orca se posiciona como uma ferramenta estratégica para a China no cenário geopolítico atual.
Míssil Ar-Ar PL-15E e Su-57: Avanços e Colaborações
O míssil ar-ar PL-15E é uma das mais recentes adições ao arsenal da China, representando um avanço significativo em suas capacidades de combate aéreo. Esta nova versão do míssil ar-ar de longo alcance PL-15 foi projetada com estabilizadores de cauda dobráveis, o que permite um armazenamento mais compacto, facilitando sua integração em caças furtivos chineses.
Com um alcance de aproximadamente 200 quilômetros e uma velocidade máxima superior a cinco vezes a velocidade do som, o PL-15E é frequentemente comparado ao míssil AIM-120 dos Estados Unidos, destacando-se como um dos mísseis ar-ar mais potentes disponíveis atualmente. Essa capacidade de longo alcance e alta velocidade torna o PL-15E uma arma temida em confrontos aéreos.
Além do PL-15E, o Su-57, o caça mais avançado da Rússia, também foi apresentado na feira, simbolizando a estreita colaboração militar entre a China e a Rússia. A presença do Su-57 em Zhuhai não apenas demonstra a cooperação entre os dois países, mas também destaca as intenções da Rússia de exportar essa tecnologia para clientes estrangeiros, aumentando ainda mais a competitividade no mercado de defesa.
O Su-57, que fez sua estreia internacional no evento, é considerado um marco na aviação militar russa. A presença do ex-ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, no evento, reforça a importância dessa colaboração estratégica. A assinatura de contratos para a exportação do Su-57 indica que a Rússia está buscando expandir sua influência e parceria com a China no setor de defesa.
Esses desenvolvimentos, tanto do PL-15E quanto do Su-57, refletem um cenário em que a inovação tecnológica e a cooperação internacional desempenham papéis cruciais na modernização das forças armadas. A China, ao investir em mísseis avançados e ao colaborar com a Rússia em tecnologia militar, está se posicionando como uma potência militar emergente, pronta para enfrentar desafios globais.