A investigação dos reis da creatina está gerando polêmica e levantando questões sobre a legalidade das ações policiais. Recentemente, os proprietários da marca Soldiers foram alvos de uma operação da Polícia Civil, resultando na apreensão de toneladas de suplementos alimentares. A defesa da marca contesta a fundamentação da investigação, especialmente o uso de reclamações de consumidores como base para as ações.
Contexto da Investigação
A investigação sobre os reis da creatina começou no dia 10 de outubro, quando a polícia realizou uma busca em uma loja da Soldiers, localizada em um shopping na Zona Leste de São Paulo. Durante essa operação, foram apreendidos documentos fiscais, um aparelho celular e quatro potes dos produtos da marca.
Com base nas evidências coletadas, novas buscas foram realizadas em novembro em endereços relacionados ao grupo. Em Jundiaí, no interior de São Paulo, a polícia vistoriou uma empresa responsável pelo envase dos suplementos. Funcionários do local informaram que não havia contratos formais ou documentação regular dos produtos, levando à apreensão dos itens e ao lacre do estabelecimento pela Vigilância Sanitária.
Os investigadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) estão apurando crimes como falsificação ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A operação foi motivada pelo rápido crescimento da Soldiers, que, segundo o CEO Yuri Abreu, faturou cerca de R$ 150 milhões em 2023, com uma projeção de R$ 250 milhões para 2024. Esses números chamaram a atenção da polícia, especialmente em um cenário econômico desfavorável para o setor industrial, onde o estado de São Paulo registrou uma queda de -3%.
Além disso, a defesa da marca questiona a validade das reclamações coletadas do site ‘Reclame Aqui’, que foram utilizadas para justificar as ações da polícia. A promotora de justiça, em um relatório, destacou a necessidade de esclarecer os crimes investigados, as supostas vítimas e outros detalhes que ajudem a delimitar o objeto da investigação.
Defesa e Acusações
A defesa da marca Soldiers tem se mostrado bastante ativa e contundente em relação às acusações que surgiram durante a investigação. Os proprietários, Yuri Silveira de Abreu e Fabiula Freire, conhecidos como os reis da creatina, afirmam que a operação policial, que resultou na apreensão de produtos e documentos, é baseada em fundamentos frágeis e questionáveis.
Um dos principais pontos levantados pela defesa é a utilização de reclamações do site ‘Reclame Aqui’ como base para a investigação. Eles argumentam que essa prática é inadequada e não deve ser suficiente para justificar ações tão drásticas, como a busca e apreensão de produtos e documentos. A defesa pede que a polícia esclareça os crimes investigados, as datas em que teriam ocorrido e a identidade das supostas vítimas.
Além disso, a defesa aponta que o crescimento acelerado da Soldiers não é um indicativo de irregularidade, mas sim de um trabalho bem feito e de uma estratégia de mercado eficaz. O CEO da marca, em entrevista, destacou que o faturamento expressivo não deve ser visto com desconfiança, especialmente em um cenário onde muitas empresas enfrentam dificuldades.
No entanto, os investigadores do Deic sustentam que a falta de documentação e a ausência de contratos formais para os produtos apreendidos levantam sérias dúvidas sobre a legalidade das operações da Soldiers. Os relatórios que embasaram os pedidos de busca indicam que a empresa pode ter criado um sistema para burlar as fiscalizações, levando a polícia a considerar a possibilidade de um cartel.
Enquanto a investigação prossegue, a Soldiers Nutrition reafirma que possui todas as licenças e autorizações necessárias para operar e que está em conformidade com as normas e regulamentações aplicáveis. A empresa também enfatiza que não foi apontado até o momento nenhum indício de irregularidade que comprometa suas operações.
Próximos Passos na Investigação
Após a apreensão dos produtos e a coleta de documentos, a investigação sobre os reis da creatina segue em andamento, e os próximos passos são cruciais para determinar o futuro da marca Soldiers.
A polícia civil aguarda o resultado do laudo dos produtos apreendidos, que irá definir a composição de todo o material e pode impactar diretamente nas acusações feitas contra a empresa.
Além disso, os investigadores estão em busca de provas adicionais que possam corroborar a alegação de que o grupo criou empresas para contornar os sistemas de fiscalização, o que poderia caracterizar uma associação criminosa ou até mesmo um cartel.
A continuidade da investigação depende, em grande parte, da análise dos dados e documentos coletados durante as operações.
A polícia também está dentro do prazo estabelecido para responder aos questionamentos do Ministério Público, que solicita esclarecimentos sobre a investigação e as alegações feitas.
A interação entre as autoridades e a defesa da Soldiers será fundamental para esclarecer os fatos e determinar se há base suficiente para prosseguir com as acusações.
Enquanto isso, a marca Soldiers mantém sua posição de que atua de maneira legal e transparente, e a defesa continua a contestar as alegações feitas contra eles, buscando acesso a documentos que possam ajudar a entender o contexto da investigação inicial que levou à operação atual.
O desfecho desta investigação poderá ter implicações significativas não apenas para a Soldiers, mas também para o mercado de suplementos alimentares no Brasil, uma vez que a forma como as autoridades lidam com este caso pode estabelecer precedentes para futuras operações semelhantes.